As máquinas e o Orlando

Tenho de ir levar com um raminho de alecrim nas costas. Para além de ter os bancos mais duros do planeta a morar cá em casa e ter as costas feitas num oito horizontal, como se isso não bastasse, como se um mal nunca viesse feito bicha solitária, o meu computador teve um AVC e esta semana tive o desprazer de o ver às portas de um falecimento sem volta a dar. Sim, sem volta a dar porque as máquinas estão sempre a ressuscitar pelas mãos dos técnicos, mas como eu nunca estou para abrir os cordões à bolsa em casos desta envergadura reuni todos os esforços para este salvamento. Por detrás deste resgate não esteve nenhuma equipa especializada, fui apenas eu. Não, vocês não me estão bem a ver, eu não pesco grandes coisas, mas fiz uma cena incrível…recuperei um ASUS. Dois dias em estado coma, em constante reanimação quando deixava de lhe sentir a pulsação vinda da corrente começava a insultá-lo severamente com nomes feios e coisas assim. Uma noite mal dormida, muitos ai que Deus me acuda, ai que Deus me acuda que eu já estou a perder as estribeiras. Não tenho quase nada guardado neste querido, mas é sempre chato querer fazer a minha higiene virtual diária e não poder só porque agora deu-lhe para isto. Não percebi o que é que aconteceu, mas não descansei enquanto não o pus novamente a mil à hora. Consegui este feito histórico mesmo não percebendo nada dos sintomas, fui ao cerne da questão por instinto e até agora diz que voltou ao que era. Nestas coisas há que ter paciência de santa, não dá para uma pessoa estar a levá-lo ao hospital dos computadores por tudo e por nada com estas taxas moderadoras altíssimas. A minha veia médica pensa que deve estar a chocar uma varicela e foi só uma febre interior qualquer. Isto de ter pequenos novos cá por casa é uma maçada, no outro dia foi o Orlando, agora este. Uma maçada, uma maçada! Mas nem sabem da melhor. Quem está de parabéns é o nosso querido Orlando. Cortámos a meta dos vinte mil quilómetros esta tarde. A nossa vida nunca mais foi a mesma depois de ele ter sentido o peso das minhas mãos, de finalmente ter captado o poder que eu realmente exerço ao volante e de ter a plena certeza de quem manda nele sou eu. Peço que façam uma onda mental em honra do Orlando que veio trazer um pouco de paz de espírito à minha vida, na medida em que me ajudou a desvincular por completo do demoníaco combinado Vimeca/Carris.

orlando

Fotografia tirada hoje, pelas dezoito e catorze minutos, hora em que estávamos parados no semáforo em frente ao Lindo-o-velho que virou casa de alterne. Ninguém diria, mas estávamos em amena cavaqueira rumo à cidade universitária.

Já tinham saudades de música? Daquela que vos faz pensar que eu tenho um gosto deteriorado? Pois muito bem. O clássico que tem estado em modo repeat, cá em casa, esta semana é…

A M.